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WarnerMedia estaria negociando fusão com a Discovery Inc

A AT&T, dona da WarnerMedia, abriu negociações com a Discovery Inc, dona dos canais Discovery, para as duas empresas formarem uma joint venture visando uma fusão para enfrentar a Disney, a Amazon, a Netflix e o próprio Google, dono do YouTube na guerra de streamings. Segundo apurou o site de notícias Bloomberg, um anúncio oficial pode ser feito nesta semana.

A união representaria a criação de uma nova empresa de mídia avaliada em pelo menos US$ 150 bilhões, juntando um portfólio de canais que inclui Discovery, HGTV, Food Network, TLC e Animal Planet ao grupo Warner, dono de estúdios de cinema e TV e canais como HBO, CNN, TNT e Cartoon Network, além 50% da rede The CW.

Mas o foco do negócio deve ser mesmo o streaming. A Discovery divulgou em abril que havia alcançado 15 milhões de assinantes após lançar sua própria plataforma de streaming, a Discovery+, enquanto a HBO Max, da WarnerMedia, contabilizava apenas 44 milhões de assinantes até o final de março.

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Os números estão muito distantes dos líderes do mercado. Lançada há pouco mais de um ano, a Disney+ já superou 100 milhões de assinantes, enquanto a Netflix tem mais de 200 milhões.

A união seria uma forma de crescer com mais rapidez num negócio muito competitivo, no qual quem tem mais conteúdo leva maior vantagem.

Esta é a visão otimista do negócio. Mas há a pessimista, que avalia que a AT&T teria se arrependido da compra da Time Warner por mais de US$ 80 bilhões em 2018 e busca uma forma de se livrar do conglomerado de mídia sem parecer que esteja fazendo exatamente isso. Afinal, a compra da Warner transformou a AT&T na empresa mais endividada do mundo e qualquer fusão penduraria suas dívidas no bolso de novos sócios.

Os gigantes de tecnologia estariam percebendo, aos poucos, que produzir conteúdo não é o bom negócio que aparentava. A tendência é bem clara na venda da divisão de mídia da Verizon (concorrente da AT&T), com propriedades como o Yahoo e AOL, para a Apollo Global Management Inc. por US$ 5 bilhões.

O clima de venda da WarnerMedia pode ser intuído pelos sinais dados pela empresa nos últimos meses, com cortes em seu quadro de funcionários e negociações de pedaços do grupo, como o provedor de TV paga DirecTV, vendido para o fundo TPG, a plataforma Crunchyroll, negociada para a Sony por US$ 1,2 bilhão, e a cessão da participação no serviço de streaming Hulu para a Disney.

Originalmente uma empresa de telefonia, a AT&T sofre pressão de seus acionistas para voltar a se concentrar em seu lucrativo negócio primário. Segundo o CEO da companhia, John Stankey, o foco principal deve voltar ser tecnologia de comunicação, especialmente com a chegada do 5G e novidades impulsionadas por um WIFI mais potente.

O acordo entre AT&T e Discovery pode nunca sair do papel, considerando que as conversas são iniciais.

De fato, a Discovery nem foi a primeira opção de sociedade buscada pela AT&T. O site Deadline apurou que a Comcast chegou a ser procurada anteriormente, mas não viu vantagem na fusão, já que também é concorrente em telefonia, preferindo apostar que seu próprio portfólio seria suficiente para a era do streaming, mesmo que seu serviço, o Peacock, seja o mais atrasado em planos de expansão entre as novas plataformas digitais.

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