Livros

Dia Internacional do Livro e do Direito de Autor: lançamentos cearenses que você precisa conhecer

Foto: Reprodução/SamuelNunes
Reprodução/SamuelNunes

Esta matéria foi feita em colaboração com Larissa Agda e Sâmya Mesquita.

Passando pelas mais diversas temáticas e dando luz ao desconhecido, estes pequenos gigantes alteraram, alteram e alterarão os indivíduos, a maneira como esses vivem e o meio que habitam. São eles: os livros.

Perpassando universos e/ou galáxias distintas, paisagens extraordinárias, pluralidade de povos e civilizações, situações e diálogos onde o imaginário do indivíduo é um dos únicos fatores limitantes na composição, os livros tornaram-se realidade presente na vida de boa parte dos seres humanos.

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Físico ou digital, seu valor e uso para os indivíduos vão desde construtores de novos conhecimentos até, mais recentemente, uma quebra nas incessantes rotinas dos tempos atuais, uma válvula de escape da realidade, assim como várias outras coisas.

Portadores de potência construtiva no que tange a formação dos indivíduos como pessoa, são ainda de mesma maneira, se não mais, potentes ao tratar do seu aspecto como um dos difusores hegemônicos de conhecimento. Justifica-se também deste modo, sua força como transformadores sociais tanto dos seres humanos e meio ao qual habitam como até mesmo das sociedades em que esses seres se inserem.

Em matéria especial, o Midiático preparou esta publicação em comemoração ao Dia Internacional do Livro e do Direito de Autor. Porém, antes de mais nada, façamos um breve histórico da data comemorativa de hoje.

O Dia Internacional do Livro e do Direito de Autor

O dia 23 de abril é a data internacionalmente escolhida pela Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, visando comemorar o Dia Internacional do Livro e do Direito de Autor. Tem o intuito de celebrar e estimular a publicação de livros e as atividades que dele se sucedem (revisão, edição, leitura, entre outras).

A obra Don Quixote, de Miguel de Cervantes, foi a responsável por fomentar o movimento que deu origem ao mês de celebração da data comemorativa, juntamente com Inca Garcilaso de La Veja e William Shakespeare, autores clássicos até hoje.

No ano de 2018, em comemoração ao Dia Mundial do Livro, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, comentou a importância da data:

”Ao celebrarmos o livro, celebramos atividades — escrita, leitura, tradução, publicação — através das quais o ser humano se eleva e se realiza; e celebramos, fundamentalmente, as liberdades que as tornam possíveis. O livro é o ponto de encontro das mais essenciais liberdades humanas, nomeadamente a liberdade de expressão e de edição.”

Além de Cervantes, de La Veja e Shakespeare, de uma maneira geral também são homenageados: Joanne ‘’Jo’’ Rowling, John Ronald Reuel Tolkien, George Raymond Richard Martin, entre outros. Afinal, este dia em específico também tem o intuito de homenagear todos os autores e refletir sobre seus direitos.

Lançamentos

Saindo de Hogwarts e da Terra Média, passando por Pablo Neruda, Shakespeare e outros grandes clássicos, até voltar-se às terras brasileiras – em específico, ao solo cearense. Publicações cearenses abordam temáticas variadas por meio do imaginário dos seus mais diversos autores.

Pensando nisso, neste dia em questão, o Midiático apresenta 4 lançamentos cearenses enquanto entrevista seus autores. Confira!

PRIMEIRO EU TIVE QUE MORRER

Foto: Reprodução/Instagram/Portelori

De autoria da jornalista e escritora cearense Lorena Portela, Primeiro eu tive que morrer é uma publicação lançada em 26 de setembro de 2020. A narrativa conta a história de uma jovem publicitária que é pressionada a uma pausa e se refugia na vila paradisíaca de Jericoacoara, no Ceará, Nordeste do Brasil. Sob o Sol, entre mergulhos no mar e os temperos daquela terra, sob a Lua, entre gozo e sombra, reconecta-se com outras mulheres, apaixona-se e vive um comovente e misterioso renascimento.

Assim como em sua primeira obra, as mulheres sempre se fizeram presentes e fortes na vida da escritora. Influenciada desde pequena por suas amigas, pela avó, possuidora de forte personalidade, pela mãe que, devido a uma separação, tornou-se a principal criadora e educadora (ainda que a figura do pai fosse frequentemente presente) da autora e dos seus irmãos, Lorena enxergou as vivências femininas e passou a tratá-las como um dos pontos centrais de sua escrita.

Entrevistada pelo Midiático, Lorena diz: ‘’Ver a minha mãe, suas amigas viverem coisas parecidas e, posteriormente, outras mulheres em situação semelhante, me deixou atenta para a falta de apoio e de suporte que acabam por exigir que essas mulheres sejam fortes’’.

Para a autora, os livros, além de tudo, também são portais de entendimento, de sabedoria. Porém, esses ainda enfrentam grandes dificuldades para serem publicados e/ou divulgados, tanto no Ceará como em todo o Brasil. Lorena diz que ainda faltam incentivos governamentais mais fortes, tanto para a publicação de livros como também para suas leituras.

‘’A produção literária é um pouco elitizada no sentido de ser produzida geralmente por alguém que tem mais acesso a estudo, a cultura, por quem tem dinheiro para pagar uma oficina. Eu tenho certeza que existem grandes escritores e grandes pensadores nos lugares onde esses eventos, essas oficinas, esses incentivos não chegam’’.

Neste ponto, Lorena ainda conclui criticando Jair Messias Bolsonaro, atual presidente do Brasil à época em que esta matéria foi escrita: ‘’Não só no Ceará, como também no Brasil todo, existe o entrave gigante que é este homem. Bolsonaro detesta o saber, a cultura e os livros. Ter alguém que preside o país com esse tipo de postura legitima um pensamento de desprezo aos livros que acredito existir em parte da população brasileira’’.

A autora está presente em várias redes sociais e no Instagram é possível ter conhecimento de como obter de todas as formas o seu primeiro livro.

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FISHEYE

Foto: Divulgação/KamiGirão

Fisheye é uma obra de Kami Girão, jovem escritora cearense. O livro, lançado em 2017, aborda a história de Ravena Sombra, uma adolescente de dezesseis anos que tem retinose pigmentar, doença conhecida por degenerar o campo visual do indivíduo, podendo ocasionar a cegueira, fato que abalou a jovem. Entretanto, Ravena pode contar com o apoio de sua irmã, seu melhor amigo e um violonista que possui a pele marcada por cicatrizes.

Transitando entre a escrita, a fotografia e o design, Kami comenta que os contos de fadas, animes e mangás sempre fizeram parte da vida. Exercem, juntamente com sua mãe, grande influência sobre ela. “Sem ela, não existiria a Kami leitora e escritora”, disse a autora durante a entrevista feita pelo Midiático.

Por se tratar de uma doença rara, Kami levou 4 anos para elaborar a obra. Com bastante respeito, sensibilidade e pesquisa, sua intenção era que a narrativa se aproximasse das vivências de quem tem a doença.

Os livros contam histórias reais, fictícias, atuam como ferramentas de aprendizagem. Há tipologias e nomes distintos, porém, todos possuem o seu papel social. Kami, comentou sobre esse papel em sua obra Fisheye, e ressaltou a importância da leitura.

“Livros são agentes de educação. Não se educa sem leitura, isso é fundamental. É esse um dos motivos pelos quais é tão importante que haja políticas voltadas para o incentivo à leitura, às bibliotecas públicas, algo também pelo qual nós, enquanto leitores e escritores, precisamos batalhar’’.

A autora ainda conclui: ‘’No meu caso, percebi que além de fazer com que mais leitores pudessem conhecer a retinose pigmentar, pessoas com deficiência conseguiram se perceber na personagem principal. Foi algo muito especial para mim”. A escritora cearense está presente no Instagram e em outras redes sociais. Em suas mídias digitais é possível acompanhar seus trabalhos.

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CASTLE HIGH: O RETORNO DA ESPADA

Foto: Divulgação/JonasAquino

Castle high: O retorno da espada é primeiro livro do escritor cearense Jonas de Oliveira Aquino. A narrativa, nas palavras do autor, é contada a partir de Arthur Crytus, ‘’um garoto de doze anos que ganha a difícil missão de salvar o seu mundo após uma terrível tragédia. Se ele falhar, todo o Continente de Ellorien verá a destruição pelas mãos do Cavaleiro Cruel; se ele conseguir vencer esse desafio, talvez descubra que Halukart não é o único inimigo que ameaça sua vida e a de seus amigos’’.

Entrevistado pelo Midiático, Jonas conta que sempre teve como grandes influências escritores como Ziraldo Alves Pinto (O menino maluquinho), Mauricio de Sousa (Turma da Mônica) e também publicações de fantasia em geral (Game of Thrones, Harry Potter, entre outras). Não à toa, já em sua primeira publicação, o jovem autor se aventura em um mundo medieval de completa fantasia criado a partir de seu imaginário. Na publicação, bravas crianças assumem o centro como protagonistas da história.

O autor ressalta que os livros sempre tiveram notável relevância e têm grande capacidade como transformadores. Em específico, os de literatura infantil. Estes, justamente por se inserirem em um primeiro momento de formação dos indivíduos como pessoa.

‘’Os livros sempre me deram esperança de mudar a realidade ao meu redor, de conseguir uma vida melhor. São transformadores de pensamento. Boas histórias influenciam pessoas e pessoas boas podem mudar o mundo’’.

Jonas diz que começou a escrever o livro quando tinha apenas 12 anos e que o processo de criação, assim como para outros escritores, teve suas dificuldades. Possuía uma rotina corrida e escrevia partes de suas produções na escola. O ambiente não era o mais ideal, os sons rotineiros da vida estudantil atrapalhavam de certa modo o seu processo criativo. A condição financeira também foi outro fator impactante. Quando pequeno, o escritor conta que não possuía computador para poder digitar suas produções, sendo necessário ir à casa de amigos ou parentes para fazê-lo quando tinha a oportunidade.

Fora as dificuldades criativas, Jonas diz ter tido ainda problemas em relação ao mercado. ‘’Muitas editoras não apostam em histórias novas, principalmente se são fantasias’’, disse o escritor. Visando muitas vezes o lucro, editoras chegam a republicar edições de autores que já faleceram ao invés de dar oportunidade a novos escritores, dessa forma, dificultando o surgimento de novas produções: ‘’há também de se prezar por escritores vivos’’, falou Jonas.

Ainda que com limitações, o autor ,com apoio de amigos e da família, nunca deixou de acreditar na publicação. Anos depois, o escritor viria a colher os frutos de todo o empenho alocado à produção do livro. O jovem autor cearense está presente no Instagram e em quase todas as outras redes sociais.

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A MULHER MAIS AMADA DO MUNDO

Foto: Divulgação/Vanessa Passos

A Mulher Mais Amada do Mundo, de autoria da escritora cearense Vanessa Passos, é um e-book lançado no dia 30 de novembro de 2020 e reúne contos onde personagens femininas tomam a cena como protagonistas.

Nas palavras da autora: ‘’Não há um tema único. A morte, a solidão, o prazer, o amor, o ódio estão no cotidiano dessas mulheres que vivem, morrem e renascem para si mesmas e seus desejos. Ainda não há um mundo que lhes caiba, tamanha a grandiosidade. Mas elas resistem e se imortalizam em histórias.’’. Ainda segundo Vanessa, a publicação reúne 12 contos. São 12 histórias de personagens femininas onde ‘’cada leitora vai poder se identificar nessas vidas, nessas histórias, nessas forças e fraquezas’’.

Quando pequena, devido a timidez, escondia-se na biblioteca e lá conheceu os livros e a leitura. Conta que lia clássicos como Clarice Lispector, Machado de Assis e, posteriormente, passou a ter contato com a literatura contemporânea. Impactada pelas histórias e pelos sentimentos de identificação que tinha ao ler, diz ter passado a sentir necessidade de escrever suas próprias histórias.

Em entrevista ao Midiático, a autora, que é formada em Letras e ainda é pesquisadora, professora de escrita criativa e doutoranda em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), contou que sempre amou ler e escrever. Afirma que os livros sempre tiveram e ainda têm uma grande força como transformadores sociais, assim como foram em sua vida.

‘’Não tem nada mais livre do que um livro. As palavras e os livros me proporcionavam a liberdade que eu não tinha na minha vida’’, comenta Vanessa ao lembrar de sua criação superprotetora e autoritária. Ainda completa:

‘’Penso nessa liberdade de criar, de viver o que ainda não foi vivido, a liberdade de perceber melhor e compreender a condição humana.”

A escritora diz ter enfrentado algumas dificuldades no processo criativo. No começo, não se tinha em Fortaleza um trabalho voltado para a escrita criativa e Vanessa via a necessidade de aprender mais sobre o tema. Teve ainda que superar o que ela chama de ‘’vilões da escrita’’ (perfeccionismos, comparações, a crítica do outro etc.), assim como também as diferenças entre uma narrativa curta e outra longa: ‘’uma coisa é você escrever um texto, outra coisa é você escrever um livro do início ao fim’’.

Para superar essas dificuldades, a autora diz ter se dedicado a estudos da escrita. Esses mostraram-na métodos e técnicas que, alinhados a um grande planejamento, uma rotina e disciplina dedicada a escrita, passaram a facilitar todo o processo criativo. A autora está presente no Instagram, em Pintura das Palavras, e também em seu perfil pessoal.

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