POR: Bruno Emanuel
A banda americana Evanescence lançou nessa última sexta-feira (26) o quinto álbum de estúdio “The Bitter Truth”, sendo o quarto de inéditas após quase dez anos.
Por anos, muitos conheciam Evanescence principalmente por meios da programação de clipes da MTV – para cearenses, pela TV União, que tinha um formato parecido com a antiga MTV – ou até mesmo pelo o filme ‘Demolidor’, que tem as músicas ‘Bring Me to Life’ e ‘My Immortal’ na trilha sonora – até hoje os maiores sucessos da banda do primeiro álbum oficial ‘Fallen’, de 2003. A banda também lançou ‘The Open Door’ (2006) e o autointitulado ‘Evanescence’ (2011). Nesse período, houve várias dificuldades, como trocas massivas de membros – sendo que, atualmente, Amy Lee é o único membro da formação original – e brigas judiciais com o ex-empresário e com a antiga gravadora. Durante a grande pausa da banda, Amy Lee foi mãe, lançou trabalhos solos, inclusive um infantil. Até que, em 2017, a banda lançou o álbum ‘Synthesis’, com orquestrações destacadas e sem o peso conhecido. O álbum possui regravações de músicas do passado e dois novos singles: ‘Imperfection’ e ‘Hi-Lo’.
Em 2020, a banda anunciou retorno com alguns singles que hoje se encontram no novo álbum, com a produção de Nick Raskulinecz, o mesmo do álbum ‘Evanescence’. A formação atual da banda trás Amy Lee nos vocais e piano, Troy Mclawhorn na guitarra, Tim McCord no baixo, Will Hunt na bateria, e a alemã Jen Majura na guitarra.
A banda já é acostumada a ter que trabalhar com baques, mas no ano de 2020, de forma comum a vários artistas, fez o álbum ser finalizado em meio à pandemia mundial de Covid-19. A guitarrista Jen Majura fez sua participação à distância, já que reside na Alemanha. A pandemia também interferiu de forma visual no trabalho da banda, os primeiros clipes da era ‘The Bitter Truth’: não vimos grandes produções, como conhecemos dos trabalhos do Evanescence. O primeiro single lançado em abril de 2020 foi ‘Wasted on You’, gravado em isolamento social através de celulares – é possível perceber, no clipe, toda a tortura da quarentena.
Após alguns singles lançados, nesta sexta-feira (26) a banda lançou o álbum completo, que trás, literalmente, um trabalho do conjunto do Evanescence e não apenas da vocalista Amy Lee e seus músicos. Podemos observar todos os instrumentos destacados. Muitos fãs já reclamaram da mixagem do álbum, mas provavelmente foi proposital justamente pra mostrar um lado mais pesado. E sim: este é álbum mais pesado da banda!
Análise rápida por faixa
- Artifact/The Turn: Começamos com uma intro, coisa que não é comum nos álbuns do Evanescence, que sempre começam com algum single. Amy começa quase sussurrando – provavelmente uma influência de Billie Eilish, que Amy falou que a inspirou na composição. Depois percebemos os vocais da qual estamos acostumados, além da base sintética nos convidando pra era ‘The Bitter Truth’.
- Broken Pieces Shine: A segunda música já entra na “atmosfera Evanescence”, com a bateria bem destacada. Em seguida, com os vocais de Amy, a música cresce a cada verso juntamente com toda a banda. Grande chances de ser single.
- The Game is Over: Segundo single lançado destaca os vocais da Amy e um peso que o álbum vem preparando, muitos fãs amaram a faixa mas, infelizmente, foi a que menos me apaixonei. Mas não deixa de ser uma grande faixa. Será um dos grandes desafios pra Amy vocalmente ao vivo, no meio de uma tour intensa.
- Yeah Right: Provavelmente uma das músicas descartadas pela antiga gravadora para o terceiro álbum, a música tem um up meio disco. Vai soar muito bem ao vivo.
- Feeding the Dark: Música mais sombria, em minha observação. Ela tem um instrumental bem cinematográfico. Cairia muito bem em algum filme ou série de vampiros.
- Wasted on You: Primeiro single lançado. Tem uma vibe meio ‘Creep’ do ‘Radiohead’. A música tem um refrão muito poderoso, assertivo para ser o lead-single.
- Better Without You: Lembro que, quando o single foi lançado, eu escutava muito, pois a música tem tudo que eu esperava e queria pro Evanescence: peso, refrão poderoso e cordas sinfônicas no refrão dando todo um charme para a música.
- Use My Voice: Música que teve principal intenção em incentivar os fãs americanos a votarem. Surpresa para muitos, pois a banda nunca foi de falar de política em suas músicas. O coral teve ajuda de grandes cantoras como Taylor Momsen do ‘The Pretty Reckless’, Sharon den Adel do ‘Within Temptation’, Lzzy Hale do ‘Halestorm’, entre outras.
- Take Cover: A música já vinha sendo apresentada para os fãs em shows desde 2016, mas houve alterações positivas. Amy incluiu versos após o segundo refrão e, se arriscando em vocais, faz uma ponte com um belting poderoso, poucas vezes visto com destaque nos álbuns anteriores.
- Far From Heaven: Música bem pessoal, foi dedicada ao seu irmão Robby, que faleceu em 5 de janeiro de 2017. É a única balada do álbum. Se seguir a tradição de músicas de luto do Evanescence, como ‘Hello’ e ‘Like You’, nunca veremos uma apresentação ao vivo da faixa.
- Part of Me: Uma das minhas preferidas. A música tem o instrumental poderoso, backing-vocals também destacados e refrão viciante. Acredito que seja a música mais “Evanescence “ do álbum.
- Blind Belief: A música de encerramento não poderia ser melhor. Desde ‘Whisper’ do ‘Fallen’, a banda não entregava um encerramento épico como esse. A introdução lembra muito a banda italiana ‘Lacuna Coil’. A música cresce durante toda a trajetória, uma das mais pesadas do álbum, e deixando o fã com sede de mais.
Eu, como fã, estou satisfeito e sinto que valeu a pena a espera de quase dez anos. O Evanescence entrega um álbum com bastante peso e letras poderosas e maduras. A banda não deixou suas raízes, mesmo que o Rock/Metal não esteja mais em alta, como nos 2000. O Evanescence fez seu dever de casa muito bem, deixando os fãs antigos e atuais satisfeitos e seguindo com a responsabilidade de ser uma das maiores bandas de Rock/Metal mundial! Agora é torcer para que eles não demorem mais dez anos pra lançar um trabalho de inéditas.
Confira o álbum completo
Bruno Emanuel é administrador, produtor de eventos e fundador do fã clube ‘Evanescence Fortaleza’.
Esta crítica especialmente foi feita para o MIDIÁTICO, em colaboração.
Contato: @brunoemanuel.s / @evanescencefortaleza / @lunarproductionsbr