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Conheça 15 músicas que criticam a ditadura militar brasileira

Reprodução/Evandro Teixeira
Reprodução/Evandro Teixeira

Por mais que, ainda hoje, muitos não acreditem, o Brasil passou por uma ditadura militar, que durou de 1964 a 1985.

Foram inúmeras as formas de resistência dos artistas para não pararem nos portões do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e driblarem a censura.

A MPB (Música Popular Brasileira) foi uma das principais ferramentas de denúncia para combater o controle ideológico do sistema. Sem liberdade de expressão, tiveram que inventar códigos, metáforas e jogos de palavras para comunicar com o público sem que os militares pudessem compreender, à análise da Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP).

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Os gritos de resistência desses músicos continuam sendo marcos na história e na cultura nacional. E ainda inspiram, em movimentos como o #DitaduraNuncaMais. Conheça 15 músicas emblemáticas que abordam este difícil período político da história brasileira.

  1. Cálice – Chico Buarque e Milton Nascimento

Com metáforas e duplos sentidos, Chico traça duras críticas ao governo autoritário. Citando a passagem bíblica (Marcos 14:36), parece comparar o sofrimento de Jesus no calvário com o do povo brasileiro.

2. Alegria, Alegria: Caetano Veloso

Durante um tempo de estagnação e falta de liberdade, a canção propunha movimento e resistência. Caetano falava em caminhar “contra o vento”, ou seja, contra a direção para a qual estava sendo empurrado.

3. Pra não dizer que não falei das flores: Geraldo Vandré

Também conhecida como “Caminhando”, a música foi apresentada no Festival Internacional da Canção de 1968 e ficou em segundo lugar. A letra, altamente politizada, chamou a atenção do regime e o músico acabou tendo que abandonar o país.

4. O Bêbado e o Equilibrista: Elis Regina

Desabafando sobre o “sufoco” diário da “noite do Brasil” (metáfora para a ditadura), o bêbado, “trajando luto”, lembra de “tanta gente que partiu”, os exilados que fugiram para sobreviver.

5. Aquele Abraço: Gilberto Gil

Perante toda a censura e perseguição, percebe que tem que ir embora para traçar seu “caminho pelo mundo”, do jeito que quiser. Gil mostra que é dono de si mesmo, da sua vida e da sua vontade, planejando recuperar a liberdade e autonomia que perdera.

6. Apesar de você: Chico Buarque

Com a repetição do verso inicial, “Amanhã vai ser outro dia”, Chico demonstrava que a esperança não tinha morrido, que o povo continuava aguardando a queda do regime.

7. É proibido proibir, Caetano Veloso

Caetano Veloso compôs É proibido proibir em 1968, um ano terrível na história do Brasil que culminou com Ato Institucional Número Cinco. Entre várias medidas autoritárias, o AI-5 determinava a censura prévia da cultura e da imprensa, a ilegalidade de reuniões públicas não autorizadas e a suspensão de direitos dos cidadãos vistos como inimigos do sistema.

8. Como nossos pais: Elis Regina

O tema dá voz a uma geração de jovens que viram a sua liberdade confiscada, que foram obrigados a mudar o seu modo de viver por causa instauração da ditadura.

9. Acorda amor: Chico Buarque

Na música, o sujeito acorda a companheira para lhe contar que sonhou que estava sendo levado pela polícia durante a noite. Não se preocupando mais em disfarçar, Chico aponta o dedo ao inimigo, “a dura”. O nome funciona como uma abreviação de “ditadura” e também como um adjetivo para a sua inflexibilidade e violência.

10. Mosca na sopa: Raul Seixas

Falando com os militares, Raul se anuncia como um pequeno ser alado que está ali para perturbar o sossego. Apesar de toda a repressão, o cantor e seus contemporâneos continuavam combatendo o conservadorismo, mesmo sabendo que a luta ainda estava longe de terminar.

11. Gal Costa: Divino Maravilhoso

A mensagem é de resistência, de sempre se atentar para o que vai vir. É uma crítica para o governo militar.

12. Apenas Um Rapaz Latino Americano: Belchior

Belchior expressa tudo o que o povo brasileiro, principalmente os cantores, sentiam naquele momento. Impedidos de criticarem a política do país, os intérpretes de canções eram tratados como principais opositores ao regime militar.

13. Disparada: Jair Rodrigues

A música trás uma visão diferente do período da ditadura militar. Em um país majoritariamente rural, os efeitos do golpe de 1964 se fizeram sentir pelos mais humildes através do aprofundamento das desigualdades sociais. O compositor Geraldo Vandré faz uma comparação entre a exploração das classes sociais pobres pelas mais ricas e a exploração das boiadas pelos boiadeiros, entre a maneira de se lidar com gado e se lidar com gente.

14. Roda Viva: Chico Buarque & MPB-4

Na letra, o que se tem é um impasse, carregando um sentimento de desânimo: há um contraste entre o desejo de lutar ativamente, procurando nadar contra a corrente até perder as forças, e a impotência de não se poder fazer mais do que já se fez.

15. Sr. Coronel: Selvagens À Procura de Lei

A música não é da época da ditadura militar, mas trás um contexto muito comum: os velhos coronéis que ainda estão vivos, entre nós. O vocalista da banda cearense, Gabriel Aragão, diz que a música foi inspirada num velho coronel que serviu na ditadura. Em matéria do blog Fora de Ordem, do O POVO, ele diz: “Na época, a gente parecia cantar sobre uma realidade distante… Quase como se fosse algo que estava para morrer. Hoje, infelizmente, está cada vez mais surreal tocar essa música. Mas acredito que insistir nela também seja uma forma de resistência”.

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